domingo, dezembro 31, 2006

Final de Ano? Não, um momento para pensar...

Finda um ano. Tenho 31 anos, feitos à questão de 2 dias, e até hoje nunca senti necessidade de «rever» um ano, de olhar para trás e pensar em tudo que aconteceu ou deixou de acontecer na minha vida.

Até hoje, a minha vida fora um mero «descrever?» de coisas que acontecem naturalmente, sem questões, sem preocupações, e principalmente, sem significado, sem sofrimento ou dôr.

Tive no meu passado, alguns momentos negros, decisões dificeis, decisões erradas, actos que ficaram por fazer, actos de coragem abafados por falta de confiança, por falta de sofrimento, por falta de algo que me empurrasse na direcção certa.

Tomei no passado decisões correctas, e muitas erradas, de certo modo quase inconscientemente, pois na maioria das vezes, o resultado dessas decisões nunca era na realidade o que pretendia... Isso é algo que abafei durante muito tempo, as emoções, os sentimentos, a coragem de falar sem ter medo de o fazer, de admitir o que sinto, o que penso.

Foi uma viagem iniciada à uns anos atrás, uma viagem que como todas teve interrupções, paragens inconscientes, que me faziam por vezes voltar atrás alguns quilómetros na estrada, mas foi uma viagem que iniciei quase de modo inconsciente, foram decisões que simplesmente, aconteceram, que nunca me trouxeram nada mais senão sorrisos.

Dizem que sem sofrimento nunca teremos a real medida das coisas, e foi exactamente isso que me faltava, e tão importante como isso, ter consciência do que estava a acontecer, poder extrapolar e falar disso sem medo.

Este ano, foi o que me trouxe: consciência... O despertar e intensificar de desejos e anseios muito, mas mesmo muito fortes que tenho dentro de mim, quase sufocantes, que me deixam sem margem de manobra para absolutamente mais nada...

Muito aconteceu, foi um ano que, olhando para trás, parece que aconteceu em dias, e não meses, onde tudo está tão vivo, ou mais ainda, do que no dia em que aconteceu. Existem muitos tipos de acontecimentos, aqueles que perduram na memória como algo volátil, e aqueles que escrevem em nós, que passam a ser parte de nós mesmos, principalmente quando são parte dos nossos próprios medos, desejos e alma.

Tenho necessidade, de reafirmar tudo que desejo, tudo que quero que aconteça, não apenas a mim próprio mas também aos outros; tenho vontade de gritar, de chorar cada vez mais, para que uma estrela, cadente, passe, e quem sabe, alguém escute este grito surdo que tenho a devorar o meu interior.

Os meus sonhos, todos eles se tornaram realidade, todos eles aconteceram, e aos olhos de muitos, até mesmo aos meus, pareceram desvanecer-se em fumo, em mágoas e lágrimas derramadas e ainda por derramar. Os sonhos trouxeram os desejos, fizeram a criança ansiar como um homem, pela união daquilo que pretendia: um futuro, um abraço, um álbum que podesse não apenas espelhar o futuro, mas também fizesse recordar o passado, num sorriso, numa história contada por alguém a que eu tivesse abraçado.

Olhando agora para trás, esses desejos mantêm-se, foi-me oferecido algo muito maior daquilo que alguma vez imaginei que fosse acontecer; foi-me oferecido um vislumbre do que podemos ter, foram-me oferecidas memórias, recordações, mas principalmente, foi-me oferecido a maior de todas as prendas, esse significado daquilo que chamamos viver, tão puro, tão simples...

A mágoa, existe, a amargura do que se pensa não ir acontecer, existe, as palavras por dizer, existem, mas por detrás disso, existe algo ainda maior, algo que apareceu por detrás dessa Lua, e que cresceu, que continua a crescer maior que tudo...

É isso que tenho que recordar deste ano, é isso que tenho de abraçar deste ano, para que todas as lágrimas tenham um lugar neste álbum, passadas e por acontecer, pois, agora, sei qual o seu verdadeiro sabor...

Esperança.... É isso, que alimenta a caneta, é isso que vai dar forma às palavras, à coragem... A chuva não acabou, os momentos de desespero não acabaram, mas nunca irão acabar, fazem parte da história, são o poema que fazem a esperança nascer...

As histórias não têm fim... Têm sim, novos capítulos, esses sim, constroém aquilo a que um dia poderemos chamar de fim... Existe agora, a certeza de que algo irá acontecer, existe agora a noção dos próximos passos a dar, do início do próximo capítulo, depois, é simplesmente continuar a escrever, não de uma forma inconsciente, mas sim tendo sempre como tinta, a verdadeira cor dessas estrelas que brilham, bem cá dentro do coração, nesse imenso céu que é a nossa alma...

Bom Ano para todos!

sábado, dezembro 23, 2006

É Natal, é Natal, trá-lá-lá-lá-lá...

Pois é minha gente, é Natal... É incrível como o tempo passa tão depressa e nem damos por ele! Ainda ontem, parece que estavamos em pleno Verão, com tantas histórias por acontecer, tantas promessas de aventuras no ar...

Mas é assim mesmo que tudo se passa, se formos a ver, chegamos a uma altura da vida em que olhamos para nós mesmos e de repente dizemos que temos x anos. A juventude está realmente dentro de nós, e não no nosso corpo, pois, se virmos bem, a pessoa que estava cá dentro é exactamente a mesma, a consciência é a mesma.

Para quem tem filhos ou sobrinhos, como é o meu caso (sobrinhos, claro) esta é uma quadra para eles. Para nós serve como reencontro da família, de reencontro a algumas das memórias de infância, mas para eles, é agora que tudo acontece...

Sejamos, um pouco mais sorridentes, não tão intransigentes, e que nos divirtamos um pouco, pois, Natal, não são supermercados, nem apenas um dia, como alguém disse, mas sim, sempre que o queiramos.

É um cliché, mas daqueles, pensando bem, que é verdadeiro...

Feliz Natal para todos!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

«Reaprender» a Caminhar

Querer voltar... Querer «recaminhar», como o fazer? Querer de novo, ou simplesmente desejar abafar algo?

Querer realmente ou simplesmente mascarar «algo», quando o que se deseja é «algo» completamente diferente?...

Como definimos o desejo de alguém, como o quantificamos, como admitimos na realidade, no dia-a-dia os nossos verdadeiros anseios, os nossos verdadeiros desejos, a nossa pura vontade em querer «algo»? Como admitimos quem de verdade somos, o que de verdade queremos?

Ao escrever, sinto a mais forte forte vontade em querer uma coisa, talvez deixar soltar as palavras de maneira a conseguir exprimir o que vai passando cá por dentro, com força, uma força ainda maior que aquela que une todas as fibras de meu corpo, saltando nesse rio imenso que corre pelo mundo em busca de uma foz, lançando-se na inquietude de amar uma coisa, de amar com desejo, de ir para onde o seu ser o faz querer ir...

Olhando ao meu redor, é uma «lei» que se vê em todas as pequenas coisas... Não existem máscaras, não existem disfarçes para o que se quer, para onde a vontade navega todos os segundos do dia... Porque é que nós conseguimos, não, o fazer? Porque é que complicamos tudo, como um condão, uma espécie de maldição lançada a nós, homens, por um Deus que nos faz todos os dias querer provar nosso coração...

Será esse o derradeiro teste, que nós homens, temos que superar? Será essa a barreira final para conseguir chegar mais além, para conseguirmos ir onde nascemos, onde nossos corações simplesmente são? Será esse o verdadeiro significado da vida, o verdadeiro mistério que está à volta de todas as coisas, de todos os seres?

Olhando de novo à minha volta, tudo é simples, tudo se rege pela necessidade de estar, de ser, sem complicações, sem questões nem perguntas constantes... Apenas como esse rio, fluindo naturalmente... Então, porque é que não o fazemos também? Não somos nós também uma parte deste mundo, das leis que nele existem? Porque não as obedecemos também e teimamos, ao questioná-las, afastarmos-nos da realidade?... Porque é que dificultamos uma tarefa tão simples como essa, que é tão puramente admitir o que queremos, a vontade que possuimos no nosso interior para fazer algo, para ir ao além, para conseguir crescer como a voz que está cá dentro, gritando esse grito, por vezes, surdo, onde abafamos os nossos corações...

É tudo tão simples, porque é que não o somos também? Ousar de deixar usar esta palavra que se transformou não somente numa ferramenta mas como uma arma contra nós próprios, que é a palavra porquê... Não pensem, alguns que estou a criticar abertamente a ciência, pois não é nada disso que pretendo... Faça-se uso da palavra e avance-se, mas não contra nós próprios, num sentido verdadeiramente metafísico da questão. O porquê trouxe-nos a capacidade de conseguir estar hoje a discutir exactamente este assunto, trouxe bem-estar e conforto às nossas vidas e ensinou-nos a manejar muito da física deste mundo, mas isso não é tudo, esse todo é uma união de duas faces, que, ao contrário do que muitos pensam, não são faces que se dissociem uma da outra; assim sendo, continuemos a usar o porquê, mas aprendendo melhor o seu uso, sem perder sentido de todas as questões que lhe estão inerentes. Vamos lançar todos esses artíficios e máscaras que elegantemente fazemos ondular ao caminhar todos os dias, vamos ganhar a coragem de admitir quem somos, de deixar nossa voz soltar quem é, e assim, talvez passemos o teste, talvez consigamos finalmente olhar para aquilo que queremos olhar, ir onde queremos alcançar, seja uma verdade, seja simplesmente um olhar, pois esse, também ele é uma das letras da palavra verdade...

Fique este pequeno olhar no ar...





Majestosas no Ar, Belas em Terra...





Sonho,

com galáxias... Mil mundos feitos do verde e do dourado que

enchem o sol a brilhar...



Sonho,

com aventuras, gargalhadas soltas ao ar, por um sorriso maior

que o luar...



Sonho,

em poder sonhar, numa cama feita da maior pureza que um anjo

consegue imaginar...



Sonho,

contigo... Em te abraçar, te carregar pelas marés de uma deusa

a chorar...



Sonho,

com o faról que me guia sempre que canto uma canção perdida

na voz do mundo a acordar...



Sonho,

com a terra viva que carregas dentro do teu olhar, o renascer da

vida no teu tocar, o poema dos sentidos em teu falar...



Sonho,

em partir... Correr ao teu lado, para que finalmente meu sono

possa descansar...



segunda-feira, novembro 27, 2006

Uma História Interminável...

Ilha das Berlengas







"Turn around

Look at what you see

In her face

The mirror of your dream

Make believe I'm everywhere

I'm hidden in the lines

And written on the pages

Is the answer to a neverending story



Reach the stars

Fly a fantasy

Dream a dream

And what you see will be

Rhymes that keep their secrets

Will unfold behind the clouds

And there upon the rainbow

Is the answer to a neverending story



Show no fear

For she may fade away

In your hands

The birth of a new day



Rhymes that keep their secrets

Will unfold behind the clouds

And there upon the rainbow

Is the answer to a neverending story

Neverending Story"



Never Ending Story, BSO do Filme Never Ending Story, baseado na Obra de Michael Ende com o mesmo nome







Esta é uma das histórias de infância que perduram na memória para sempre... Começou sorrateiramente com a música, peça fabulosa composta por Klaus Doldinger na versão alemã e Giorgio Moroder com letra de Keith Forsey e interpretação de Limahl, na versão americana, que tantas alegrias nos deu na música (refiro-me claro ao Giorgio Moroder, infelizmente o Limahl, que foi vocalista dos Kajagoogoo nunca foi além na carreira, seja a solo ou em grupo); devagarinho, espalhou-se pelas minhas memórias inundando-me por completo... Foi uma das primeiras músicas que comecei a tocar quando peguei pela primeira vez num sintetizador... Nunca mais esqueço a excitação que tive perante a visão de tal aparelho; o roçar lento dos dedos pelo teclado, o iniciar da exploração de todos os botões e funções que poderia tirar daquele instrumento fabuloso, são momentos que nunca se irão apagar das minhas recordações classificadas como momentos de prazer. Este tema, foi o inicio do explorar do instrumento... É um tema que se torna um bom parceiro de tal máquina. Mais tarde, para mim, veio o filme que acompanhou o tema... Quem não se lembra da imagem do pequeno Bastian a voar no Dragão da Sorte Falkor? Apesar disso, nada supera a obra fabulosa que Michael Ende colocou no papél, aliás, a obra cinematográfica está muito aquém... Leiam-na, é algo que vos ficará na memória, e acima de tudo, vos fará recordar o quão importante é sonhar e imaginar, ser criança para sempre...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Sonhar...

Praia da Consolação, Peniche







Sonhar, libélula batendo asas ao medo de cair numa noite

sem luz para nos guiar...



Sonhar, desejo em ser borboleta, cores de infinito espraindo-se pelo mar,

espuma de sal, deslizando notas pelo olhar...



Sonhar, abraço de mãe, ninho onde podemos adormecer,

sem receio de não voltar...



Sonhar, cofre onde guardamos esse tesouro, nosso coração ainda batendo

o redemoinho que gira como farol, para nos guiar, sempre que o medo

ousa em regressar...



Sonhar, vida e morte, tempo planando pela eternidade,

colando memórias, esses pedaços de poema, brilhando como o luar...

quinta-feira, novembro 23, 2006

Adormecer...

Vila de Coruche, Anoitecer...







"Dorme meu menino a estrela d'alva

Já a procurei e não a vi

Se ela não vier de madrugada

Outra que eu souber será p'ra ti



Outra que eu souber na noite escura

Sobre o teu sorriso de encantar

Ouvirás cantando nas alturas

Trovas e cantigas de embalar



Trovas e cantigas muito belas

Afina a garganta meu cantor

Quando a luz se apaga nas janelas

Perde a estrela d'alva o seu fulgor



Perde a estrela d'alva pequenina

Se outra não vier para a render

Dorme qu'inda a noite é uma menina

Deixa-a vir também adormecer"



Canção de Embalar, Zeca Afonso







A música faz sonhar, mas faz também acalmar... Serenar, deixar o nosso corpo lentamente largar todas as tensões de um dia, de uma vida acumulando poeira e sujidade por todos os recôndidos da nossa alma...

Faz lavar o espirito, fá-lo embalar na suave dormência dos sentidos deixando a sua guarda baixar, aos pouquinhos cantando uma suave canção, uma doce melodia que pula pelas mãos da emoção...

Adormecer, mas antes visitar o Universo, pular em cima da almofada das nuvens, sorrir de mão dada com o vento... Adormecer os sentidos, relaxar a alma, deixá-la por momentos encontrar um ninho quentinho onde a capa pesada se solta finalmente, onde por fim consegue falar e sussurar sem ter medo de ousar, sem ter medo de cantar...

Adormecer, encontrar esse mundo nosso, grãos de areia fina indo e vindo, maré moldando uma cama, de penas voando pelas gotas de quem chora para adormecer, de quem por fim regressa a casa, onde choro e sorrisos, são as letras da canção...

Ouvir música e deixarmos-nos conduzir lentamente pelo nosso mundo, ouvindo uma voz doce e suave, que nos embala a mão, que nos enche o coração, quente melancolia sorrindo pelo meio da canção...

Triste sorriso, alegre emoção, assim é a calma de quem adormece embalado por uma voz de paixão...

Pois é, sermos alma e sangue, como dizia a grande poetiza Florbela Espanca, e encontrar isso numa noite de inverno... Terá talvez toda a lógica, procurar o ninho em tempos de desconforto, mas achá-lo envolvente como a chuva que trespassa o céu, como o frio que gela sem piedade, é algo que acontece como magia de verão, quente e doce como o algodão...

A beleza eterna de uma voz quente, embalando o nosso coração, aí reside a recordação, da casa que enche o nosso coração...

Viva a beleza eterna, esse ninho mãe, essa candura e doçura que é sermos embalados por uma voz feminina, por um anjo, quando a dor nos assola o olhar...

Viva esse resplendor eterno da alma, voando alto pela casa infinita que embala o coração, onde achamos a voz da emoção que canta a nossa canção, para adormecer nesse voo de uma vida descobrindo, criando e reluzindo como uma canção... Aconcheguem-se, olhem bem para o alto, e um sorriso irá vos trazer essa doce canção...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Quando o Peito Dói...

Será Real ou Fantasia?...







"Que o Sol me ilumine tão-só o coração,

O vento me dissipe os cuidados e pranto,

Nesta Terra não conheço maior encanto

Que estar a caminho, na vastidão.



Depois da planura tomo alento

O Sol poderá queimar, o mar irá refrescar,

Para da vida desta Terra compartilhar

Mantenho o espírito sempre atento.



E assim, terei em cada dia renovado

Outros aliados, novas afeições,

Até que, sem pena, de todos os corações

E estrelas, possa ser amigo e convidado."



Canção de Viagem, Hermann Hesse, in Da Felicidade







Como podemos definir a intensidade de uma dor? Como lhe dar um nome, uma forma, um sentido que ao qual possamos perceber, de modo a conseguir lidar com ele? Como definir «algo» que não é definivel?

Tantas foram as vezes que aqui falei daquilo maior que existe não apenas à nossa volta, mas também dentro de nós... Tantas foram as vezes que tentei dar uma pequenina visão daquele olhar intenso que a nossa alma consegue lançar ao mundo, a Todos os Seres (onde nós somos uma pequenina peça do puzle) a tudo que nos rodeia, que nos faz voar pela imensidão desse horizonte intenso que todos os dias se esprai pelo universo, pelos sentidos eternos desse infinito...

Tantas foram as vezes que tentei fazer-vos recordar aqueles momentos que nos fazem «acordar» dessa nostalgia, desse sono profundo que nos ataca todos os dias nesta sociedade, perdida na confusão dos sentidos perdidos pelo ar, sem saberem para onde vão, de onde vieram...

Pois é... Tudo tem duas faces, não é? A Natureza é tão simples, tem uma lógica tão profunda e fácil de se entender... Não existe nada que não tenha duas faces... Assim é também o Amor... Custa entrar pelos caminhos mais «escuros» deste, mas é uma estrada necessária que precisamos de percorrer, na nossa imensa caminhada que temos pela frente...

O Amor é um raio de luz profundo, uma faca que rasga pelas entranhas do nosso ser, um pincél que vai colorindo a dor intensa que essa faca nos faz ter... Assim é o Amor... Duas faces, dois sentidos, que por mais estranho que possa parecer são exactamente a mesma moeda, o mesmo mundo onde mergulhamos por prazer, por necessidade, por querer alcançar o âmago daquilo que somos cá dentro, onde, com coragem nos deixamos naufragar...

O Amor assim, é.... Dor intensa que percorre este peito cheio da mais pura vontade em voar, da mais bela explosão de alegria que de tanta intensidade, nasce como chuva escorrendo suavemente pelas nossas faces...

O Amor assim é... Faz sorrir, faz chorar, mas faz-nos aprender, recordar o calor intenso com que todos nós nos deixamos nascer ao olhar para as pequenas Enormes alegrias ao virar da esquina...

Temos de saber amar a dor para querer saborear a alegria... É um facto inerente ao Amor, é algo tão simples como esse mar, belo ondulando na noite, soltando os perfumes da maresia ao vogar de uma Lua caprichosa, fazendo-nos sonhar...

Assim nascem os sonhos, assim amamos a vida, assim sabemos como recordar a imensidão, a vastidão, pois sofrendo, queremos amar, queremos sorrir...

Como definir isso? Não se pode... Apenas, abrir as portas ao olhar, à alma querendo voar, para que a moeda possa nascer, para que os sonhos possam vencer, crescendo, como esse mundo todos os dias o faz sem parar...

Amem, no verdadeiro sentido da palavra, e quando pensarem que o fim está perto, verão que é exactamente esse amor, ao abraçá-lo, ao olhar verdadeiramente para ele, que vos vai fazer voar ainda mais no horizonte.... Nunca se esqueçam disso...

Deixem as batidas dos vossos corações ser o ritmo da música ao acordarem, esse momento em que o dia nasce ao se deitar...

segunda-feira, novembro 20, 2006

Música no Coração...

Sejam as notas, os sonhos, como as flores ondulando ao vento... Jardins do Convento de Cristo, Tomar



É segunda-feira, ínicio de mais uma semana... O fim-de-semana passou quase à velocidade da luz... Sábado, uma noite agradável que começou com um bom jantar (apesar de ter achado a comida um pouco cozida demais) seguido de um concerto divino de música clássica, passou tão de repente que nem dei por ele... Veio o domingo, esse dia que todos nós olhamos com alguma nostalgia, pois representa o final do descanso, e um dia que tinha decidido passar naquele adormecer lento dos sentidos, dado por uma preguiça impressionantemente grande... Mas, para meu espanto, acabou por ser o dia mais agitado da semana... Não é que de repente me deu um ataque de fúria e resolvi fazer tudo que tinha por fazer em casa? Pois é... Arrumações, limpezas adiadas de dia em dia, de semana a semana, vieram finalmente à tona, deixando-me numa azáfama que nem me deu tempo para olhar para o relógio...

Apesar disso, veio também, um sentido maior, mais um sentimento do passado que voltou em força à minha consciência e aos meus sonhos. A noite de sábado foi a responsável por tal, para ser mais específico, a Orquestra Clássica do Centro. Recordei a magia intensa que é sonhar ao ouvir uma peça de música, o voar por um mundo, de repente, tornado realidade, onde os sentidos são raios de luz diluindo-se lentamente com as formas dos sentimentos... Que divino... É uma experiência fantástica, que aconselho a todos, deixarem-se levar pelas notas e sentimentos da música, imaginando mundos e pessoas de acordo com a melodia... Acreditem, torna-se numa experiência quase transcendente... Recordamos toda a essência da nossa alma, lavamos os nossos pecados e conseguimos ouvir a melodia da voz que nos guia para o verdadeiro caminho que o nosso coração quer seguir... Os sonhos, transformam-se em prenúncios, em imagens do nosso verdadeiro querer, o coração, deixa soltar toda a música que tem no seu interior...

Experimentem, começar devagarinho, fechando os olhos, deixando-se levarem pela melodia, e vão ver, que vão voar como nunca fizeram na vossa vida...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Um Começo...





"[...] E, com a visão, vem a alegria, o amor, a poesia.

O homem que pela primeira vez na vida colhe uma pequena flor para ter junto de si enquanto trabalha fez um progresso no respeitante à sua alegria de viver. [...]"





Deixo-vos hoje com esta citação que retirei do livro "Da Felicidade" de entre da vastíssima obra de Hermann Hesse. Ela diz tudo...

quinta-feira, novembro 16, 2006

O Renascer da Criança...

"Urso", Zona Ribeirinha de Coimbra

Estamos a presenciar ao renascer dos sonhos de criança, aquela magia que todos temos quando, pequenos petizes e petizas, nos entregamos à magia de um sonho voando pela mão de um amigo eterno, um amigo que nos dá o conforto do ninho, que nos transmite a segurança de um lar e de um abraço onde podemos sempre retornar, quando tudo está mal... Quem não teve quando criança, um peluche, ou um outro objecto qualquer preferido, um amigo «imaginário» que nos servia de confessor aos nossos mais íntimos segredos e sonhos? Não faço esta pergunta às mulheres directamente, pois estas normalmente, e isto fora de qualquer imagem feita, estão mais inclinadas a este tipo de coisa, agora aos homens, faço-a directamente, pois estes por norma são mais «fechados» a admitir este lado mais sensível da sua natureza. Todos possuímos um lado sensível a este ponto, mas, nem sei porquê, talvez à conta desta sociedade e dos seus «tabus» recebemos uma carga que nos tenta dizer que existe determinados tipos de comportamento para não apenas, o sexo, mas também de acordo com o estrato social da pessoa. Obviamente, e vou dizer isto com a maior sinceridade possível, que este é um dos maiores disparates que constroém a nossa sociedade actual. Tudo isto passa, pela necessidade que todos temos de ter alguém, alguém em quem confiar, alguém a quem agarrar a mão numa noite de escuro, num dia de sol, para podermos «dizer», espalhar aquilo que é o nosso coração. Por aqui se vê uma prova daquilo que podemos ser e fazer, do bem que todos temos no nosso interior, da paz inerente à condição humana, ou deverei dizer, à «alma» humana? Por aqui, se vêem os alicerces do que constrói este mundo, da sempre presença de um “Amor” maior onde tudo acontece... É algo que vemos acontecer, e não me venham dizer que é apenas um mero factor biológico, o querer alguém, o querer amar alguém, seja este alguém na forma do que fôr, do que fazemos por ele, por todos os actos sãos cometidos em nome dele, de todas as loucuras que fazem os seres correr atrás dele, em nome dele. Vê-se na Natureza, todos os dias, todos os segundos deste mundo, deste tempo, a acontecer, quando algo nasce, quando algo se transforma em algo novo, ou simplesmente «renasce» das cinzas que era... Nos animais, nas plantas, nas «coisas» vê-se acontecer, a procura incessante da união... Pois, assim digo, meus amigos, o Amor, é o alicerce de tudo, deste mundo, deste universo, é a chave que todos procuram ao tentar procurar o cerne da verdade, o cerne do que realmente está por detrás de tudo... À uns anos atrás, constatei algo e disse em virtude disso uma frase que nunca esquecerei... “Os Sentimentos, são os verdadeiros Deuses...” A felicidade, uma das cores desse Amor, é algo que está nas mãos de todos e de tudo, o maior, o uno, é tão simples de se ser, de se atingir... Procurem nos vossos interiores, parem para apreciar o quadro maior, para «olhar» para a Natureza, para o dia-a-dia, e abram o coração, a vossa alma, a porta que vos trará a simplicidade desse acto maior acontecendo todos os dia mesmo à frente dos vossos narizes... Existe uma unidade, um eterno tempo correndo sem parar, existe a eternidade, existe o Amor que nunca morre, nem no Tempo, nem no Espaço... Como diz a canção, “Imagine”, e tudo sería tão belo... Está nas nossas mãos recordar isso, e olhar em frente, para continuar o que foi iniciado sem princípio nem fim...





Imagine there's no heaven

It's easy if you try No hell below us

Above us only sky

Imagine all the people

Living for today...



Imagine there's no countries

It isn't hard to do

Nothing to kill or die for

And no religion too

Imagine all the people

Living life in peace...



You may say I'm a dreamer

But I'm not the only one

I hope someday you'll join us

And the world will be as one



Imagine no possessions

I wonder if you can

No need for greed or hunger

A brotherhood of man

Imagine all the people

Sharing all the world...



You may say I'm a dreamer

But I'm not the only one

I hope someday you'll join us

And the world will live as one

Imagine, de John Lennon

quarta-feira, novembro 15, 2006

O prazer de simplesmente estar...

Hoje foi um dia diferente de todos os demais... Começou relativamente mal, acordei muito estremunhado, com aquela sensação horrível de nos sentirmos perdidos, sem norte para onde olhar. Com a tarde, alguns pensamentos resolveram assolar-me a mente, deixando-me num estado quase «catatónico». Foi complicado digerir alguns deles, fiquei mesmo em baixo, mas como sabem, a moeda tem sempre duas faces, e assim, vieram, ao jeito da cavalaria americana nos filmes de «cowboys» os bons pensamentos, os ensinamentos que tentaram salvar a tarde e o dia. Assim aconteceu, o dia acabou de maneira agradável. Escrevi algumas coisas, em jeito de poema e em jeito de simples pensamentos, daí sai uma idéia que quero partilhar aqui, mas que infelizmente por dificuldades técnicas, não será hoje. Fica para amanhã... Por ora, deixo mais um poema escrito à uns tempos atrás, mas que reflecte um dos ensinamentos que me salvaram o dia, e ao mesmo tempo, me fizeram recordar algo já apreendido à muito tempo...





Acordo,



embalado nos sentimentos de uma lágrima, escorrendo pelas faces

que o mundo nos mostra devagarinho, numa criança embalando

sua mãe num sonho brilhante ao luar...



Acordo,



com a energia que a vida lá fora carrega, chamando-nos suavemente ao vento, para uma tempestade sem fim a anunciar...



Salto e corro,



corro para os braços da vida deixando sua pena me guiar, levando-me ao sabor do seu amar... Componho a estrofe de um acorde, cantado pelas ninfas que guardam a dança do olhar...



Saio,



percorro no céu os contornos suaves da deusa que és libertando a vida em cada respirar...



Deixo-me ficar,



olho para ti, convido-te a comigo cantar, comigo sonhar, comigo

simplesmente deixar a vida estar...

segunda-feira, novembro 13, 2006

O Horizonte...

Praia da Ericeira

Ao longe...



Vê-se um escuro, negro como bréu, esse musgo agarrado

ao céu, brilhante como véu, cobrindo o olhar de quem

nele tenta penetrar...



Ao longe...



Vê-se sonho, pintado com palavras escuras, gotas de súor

escorrendo pelo desafio de quem tenta chorar...



Ao longe...



Vê-se o futuro, destino escondido por entre almofadas de

ar, tentando voar, como pássaros desejando amar...



Ao longe...



A canção mostra-nos o tempo, essa constante que connosco

carrega o mundo, numa tarde encruzilhada entre esse

desejo louco do olhar e os sentidos querendo-te tocar...

sexta-feira, novembro 10, 2006

O Carrocel do Tempo...

Carrocel, Jardim Zoológico de Lisboa

O tempo...



nome engraçado para um ser que constantemente nos toca,

nos leva ao sabor da tempestade da vida, correndo num convés

inundado com o sangue de uma alma perdida sem se achar...



nome engraçado para um barco que carrega os sentimentos,

construindo delicadamente as flores de um mundo ainda sem côr,

mas pronto a amar...



nome engraçado para a Via Láctea, para as estrelas que se unem

decidindo pacientemente os destinos a dar, para cada sonho que

ousa voar...



nome engraçado para a vida, para nossa alma, lançada ao nascer

numa corrida lenta, percorrendo as ruas, por vezes amargas, de

um destino, em busca da canção que pinta as flores do mundo

tentando apenas amar...

quinta-feira, novembro 09, 2006

A Simplicidade...

O Unicórnio, puro como o olhar, simples como o recordar...

Tremo com o sonho que carrego dentro de meu coração...



Anseio com a visão que meu olhar por vezes deixa, em suas

cores, num mundo se formar...



Respiro, com o desejo que voa lá no alto, num céu carregado

com as plumas do anjo, guiando a vida ao acordar...



Choro, na recordação dos sentidos, na lembrança do tempo,

na fotografia do passado, na palavra do futuro, na melodia

do momento esperando seus pais, no tempo ausente dos

sentimentos que a alma alimenta, dormindo à sombra da

estrela que é um desejo, pendurado na vida do mar, por nós

a carregar...



Rio, com a frescura do sentimento que paira no ar, com o

desejo da alegria em te recordar, com meus amigos amparando

meu olhar, com os sentidos brindando-me a cada toque que

minha alma leva no interior do sangue, correndo para me

alegrar...



Amo, por fim, a vida que somos, que podemos ser, deixando

para isso apenas o mundo nos tocar, nos fazer recordar a

união que o abraço dos sentimentos todos os dias acorda para

nos fazer navegar...

quarta-feira, novembro 08, 2006

As penas da Vida...

A Fénix, um pássaro maravilhoso que renasce das cinzas...

As Memórias, o ADN da alma?...

Este título poderá parecer um pouco estranho, mas a cada noite que passa, cada momento que me delicio com esses momentos de sonho guardados no nosso interior, fico mais convencido de que existe tal coisa, uma espécie de ADN para a alma... Se o ADN é a prova tangível da nossa vida, da nossa estrutura como seres humanos, como espécie física, então porque não existir também uma espécie de código para a alma? Porque não existir também uma espécie de alicerce para a nossa alma? Meus amigos, não será algo assim tão inverosímel, pois a alma é algo que todos nós sabemos ter, algo que parte da consciência de nós mesmos, algo maior que existe em tudo que fazemos. Muitos dirão que esta é tão puramente uma manifestação do nosso cérebro, dos nossos desejos, da nossa vontade em fazer algo, atingir algo, ser algo mais... Mas, não... A Alma é algo maior do que isso, que como disse terá também um suporte físico para a alimentar, para nos podermos recordar constantemente da sua presença... Assim acredito que exista um ADN para a alma... Penso nas recordações, nas nossas memórias, onde no escuro da noite, ou num raio de luz, vamos encontrar as emoções, os momentos que construiram um pouco da nossa alma... Serão elas, o alimento físico da nossa alma? Serão elas os alicerces, as cores que vão pintando esse quadro enorme da nossa alma? Uma espécie de casa, onde esta todas as noites se deita, se deixa embalar pelos sonhos, pelos amores perdidos, pelos sentimentos puros, vistos pela sua maior essência, pela sua grandeza maior... As memórias são um dos bens mais preciosos que possuimos, dão-nos conforto, fazem-nos chorar o âmago da nossa alma, do verdadeiro sentido daquilo que temos cá dentro, daquilo que podemos ser na realidade... À uns dias, li, que um informático escreveu um livro sobre a possibilidade de o ADN do ser humano ser a «assinatura» de Deus no mundo... Hipótesse que descarto, pois o todo é o uno, e não apenas um único ser... Apesar disso, algo que merece dar uma olhadela... Um final de dia, continuar, recordar, chorar todas as lágrimas de um céu, amar o infinito, beijar a memória de quem nos fez acordar, de quem connosco irá perdurar... Existirão segundas escolhas neste mundo? Segundos momentos, tão eternos como o primeiro? Amores tão fortes como o infinito? Amizade, querer bem, segundas oportunidades, mas eterno, é só um... Olhando para todos que me rodeiam, penso na humanidade de todos, no amor intenso que todos nós possuimos dentro de nós, em todos os momentos pequenos do dia-a-dia que cada um percorre, onde por vezes esquecemos de procurar o amor, mas atenção, amor é uma união, e ela é feita por tudo isso... Serão nas memórias, onde conseguimos olhar de fora para o que fizemos, que nos é dado a perceber isso, a conseguir ver o que temos, sem necessitar de procurar mais... As memórias, choro e amor, nelas visitamos o interior da vida...

Continuar...

Engraçadas as estradas da vida...



Serpenteando sinuosas à nossa frente, sulcando uma terra fofa,

coberta com o vento que dá cor ao mar, pintado no horizonte,

num destino solto ao ar que entra em nosso interior...



Milhares de caminhos, milhares de vozes, correndo uma canção,

ditando as rimas diferentes que compõem a emoção...



Brincando ao ar, saltando pelo vento, perseguindo um beijo feito

de razão, nascido no âmago da felicidade que transporta uma

familia em busca do riso quente da emoção, saltam as penas de

um filho voando atrás do dia, amigo da canção...



Num verde coberto com o dourado da vida, abanam os acenos que

os sentimentos deixaram numa recordação...



No azul debroado pelo telhado aberto, à espera dos contrastes que

a vida faz à imaginação, sentimos o aproximar do labirinto sem

solução...



Finalmente, deixando nossos sentidos voarem seguros pelo oceano

tranquilo que é tua mão, escolhemos a estrada que leva ao coração...

terça-feira, novembro 07, 2006

Condensar...

Condenso o dia neste poema...





Olho para o céu...



Espero por uma estrela...

que caia, por um desejo pintado com as cores do mar e

feito com as formas de um sonho por acabar...



Espero por uma fada...

por um toque de magia, que num tapete, me leva às portas

escondidas do arco-íris que foge sem eu deixar...



Espero por um tesouro...

por uma aventura que me faça navegar num mar com destino

a uma ilha que fica perdida ao nosso olhar...



Espero por uma história...

um conto que me faça chorar, rir e amar, solto devagar, numa

mão que apenas abana a tinta que cobre o ar...



Olho para o céu...

Aspiro, forte, uma simples tarde a sonhar...

Um dia mais...

É verdade... Mais um dia nesta amálgama de dias e semanas que se têm amontoado para mim. O tempo é algo tão engraçado, longo e curto ao mesmo tempo, sempre andando aos caprichos de quem nele nota ou não, mas sempre sem parar por causa de nada ou ninguém... A vida é assim, a noção das coisas depende sempre daquilo que nós próprios tomamos como realidade ou não. Novamente a conversa sobre Deuses ou talvez simplesmente o constatar de factos inegáveis na vida. Por norma todos nós somos um pouco egoístas, pensamos primeiro em nós mesmos e esquecemos a maior de todas as verdades, aquela em que as coisas acontecem independentemente daquilo que nós temos por certo ou garantido nas nossas vidas. Não vou definir este egoísmo como algo de bom ou mau, pois é ambas as coisas, dependendo sempre das situações em que é empregue; vejamos, por exemplo, se o empregamos como um meio de defesa contra uma agressão, contra alguém que nos faz mal, então não o poderemos definir como mau, mas se o empregarmos numa situação egocêntrica, onde definimos realidade apenas em função de nós mesmos, então é mau... Mesmo quando é mau, nem sempre é voluntário, pois por vezes fazemo-lo involuntariamente, sem que nos apercebamos que o estamos a fazer, em situações em que os nossos propósitos são nobres até... Enfim, olhando para o tempo, vemo-lo passar rápido, furioso, para por vezes parar, quase que escarnecendo de nós... Assim são as coisas, mas a verdade, é que existirão sempre duas realidades coexistindo pacificamente uma com a outra, o bom e o mau, a tristeza e a alegria, a solidão e a união, o frio e o calor da vida, mostrando sempre que uma depende da outra para existir, para que o uno seja completo... A natureza é engraçada, mostra-nos a sua simplicidade de formas tão fáceis de ver, de olhar, fazendo-nos ver o que ainda temos pela frente para recordar, pois meus amigos, ninguém nasce complexo, ninguém nasce carregado de preconceitos e idéias feitas, todos nascemos iguais e diferentes ao mesmo tempo, onde aí sim, a natureza e os seus segredos são tão simples de se perceberem... Precisamos de nos aperceber das coisas, para finalmente recordar e perceber... Colocando a filosofia um pouco de parte, deixo um sorriso no ar, aquele pedacinho de intimidade que conseguimos captar num rosto estranho, num momento roubado de cumplicidade por cumprir... Sorriam, sejam alegres convosco próprios e com todos os demais, sejam justos e acima de tudo sinceros, pois é isso que precisamos ser... A emoção é uma das coisas mais belas que podemos ter, honesta e sincera, é um dos passos para ser feliz... Não fiquem a pensar que estou melancólico, pelo contrário... Apenas um dia mais, apenas mais um degrau nesta escada alucinante da vida...
A Vida como ela é... Festival Internacional de Fogo-de-Artífico, Coimbra

segunda-feira, novembro 06, 2006

Querer e Desejar...

Deixo-vos um pequeno poema que escrevi à uns tempos atrás, junto com um desenho, que traduz este dia na perfeição...





A saudade...



Uma palavra que se estende na noite, manto de veludo cobrindo o horizonte dos sentidos com a chuva dos sentimentos...



Desejo de criança, doce como a inocência, amargo como a solidão que se abate no céu, anunciando a lágrima prateada da emoção...



Vontade de deus, percorrendo campos, como relâmpago acordando o mundo, esse sonho de uma vida, esse rio serpenteando como borboleta, dançando como luz em busca de uma foz...



Coração estrelado, brilhando a lua, olhar que pisca como farol, guiando o vento, mar enfunado procurando um porto, esse ninho de imensidão, vasto como o mel que enche o coração...



Ó saudade, palavra de encantar, magia do sonho, estrela dos desejos, rasto de luz, ilumina esse universo como tocha, para que um toque meu chegue até ti, como canção sussurando apenas emoção...



A expressão diz tudo... O Conjunto faz querer tudo...

sábado, novembro 04, 2006

Será Sonho ou Realidade?

Está uma tarde de Sonho.... Não é uma daquelas tardes de verão, onde o calor aperta e nos faz querer adormecer lentamente debaixo de uma sombra, sonhando com os aromas que andam pelo ar... É uma tarde carregada de paz, de uma energia revitalizante que em pequeninos passos vai entrando pelos sentidos, tocando-nos e empurrando-nos para o sonho... Apetece ao mesmo tempo, sair e andar sem parar, mas também ir para casa e aninharmos-nos num sofá confortável e quentinho, para ficar com a sensação de que já cumprimos o nosso propósito nesse dia. Porque será tão importante termos que ter um propósito para fazermos as coisas? As nossas rotinas diárias, construidas dia após dia, são um exemplo clássico disso. Sempre que nos sentimos sem um propósito, algo que digamos que temos para fazer, ficamos à nora, perdidos no espaço e no tempo... São poucas as pessoas que conseguem passar uma tarde simplesmente paradas a olhar para algo, sem nada que as possa defender, livros, música, ou outra coisa qualquer... Apenas nós e o local onde nos encontramos... Experimentem fazer isto... Não é um desperdício de tempo, acreditem, pois terão que lidar não apenas com o que vos rodeia mas também convosco próprios. Agora, experimentem fazer isto muitas vezes... Não apenas uma vez aqui e acolá, mas tentem fazê-lo várias vezes, sempre sem horários ou locais certos, pois senão começa-se de novo a criar a tão famosa rotina... À pouco estava a fazer um comentário num blog de um amigo, e lembrei-me de algo muito importante que por norma as pessoas esquecem... Lidar com a ciência, não implica perder o contacto com o metafísico, com o romantismo que existe no dia-a-dia, com todas aquelas coisas pequeninas que nos lembram de que algo mais existe. Vou usar uma analogia, algo que por norma não gosto de fazer: imaginem alguém a trabalhar num campo, semeando as sementes de onde algo irá nascer; estamos a usar uma ferramenta, para construir o local que permitirá fazer algo nascer, dar as condições para que a vida possa aparecer, as duas coisas complementam-se, assim é a ciência e o romantismo. A ciência é a ferramenta que cria o local, o romantismo depois encarrega-se de nascer... Esta foi uma idéia que comecei a fermentar, não apenas com algumas descobertas pessoais do meu eu, mas também quando comecei a enveredar pelo estudo da mecânica quântica. Recordo-me de alguém no passado me ter acusado de querer falar com Deus... Nada disso... Não somos todos nós Deuses? Pensem nisso... Existe um senhor, infelizmente já falecido, que acreditava na união das duas coisas; era seu nome Carl Sagan... Muitos dirão que ele era um simples e acérrimo defensor da ciência pura como religião, mas não... Leiam uma obra dele, simplesmente divina, o Contacto, nunca esquecerei o final divino da obra... Enfim, agora, será Sonho ou Realidade?... As duas coisas juntas penso... Fica nova imagem, muito bonita, por si...
Vitral de uma Igreja, Guimarães

sexta-feira, novembro 03, 2006

O Dia Depois de Amanhã...

Onde será que já ouvi este título? Sinceramente esta história de roubar os direitos de autor é complicada... Ninguém acredita que duas pessoas possam ter idéias semelhantes? Não digo que sejam exactamente iguais, excepto quando se cai em lugares comuns, os apregoados «clichés», que muito boa gente que por aí anda, gosta... Onde fica a definição de alma gémea? Hummm, muito que se tería que dizer disso... Será a nossa alma gémea alguém que nos complementa, ou seja, alguém que perfaz as nossas faltas, o que não temos, tem ela? Ou será alguém que partilha as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas aventuras?... Algo que tenho pensado ultimamente, e que cada dia que passa menos percebo... Fico inclinado a escolher uma espécie de simbiose entre os dois... Lá entra a biologia em acção!... Enfim, após aquela véspera de feriado muito triste e parada, consegui agitar um pouco as águas... Nada de muito tumultuoso... Não, não podería ser tão ousado assim... É engraçado como de repente, nos sítios mais estranhos do mundo, nos ocorrem os pensamentos mais reveladores, os sentimentos mais puros, perante estranhos, pessoas que não conhecemos de lado nenhum, mas que repente nos dão uma sensação de paz e conforto, fazendo-nos deleitar numa maré, sem sentimento de volta... Assim me aconteceu... Foi estranho, mas bom ao mesmo tempo... Deixar as coisas andarem, uma verdade universal, que é uma Verdade importante a não esquecer... Resignação? Não... Mas um certo comodismo é essencial em algumas alturas das nossas vidas... Andar adormecido, uma espécie de transe... De repente vem à memória um teledisco de um single fabuloso dos anos 80, por um artista um pouco maltratado (ele a si mesmo, e o público a ele) de nome Michael Jackson no tema Thriller. Lembram-se dos zombies, e da dança que fazem? Somos todos um pouco disso, em determinadas alturas da vida... Um lanche calmo, uma possível sessão de Jazz, será talvez, o desfecho deste dia... Vou deixar uma foto, que representa um pouco do que disse...
Gerês, Anoitecer...

terça-feira, outubro 31, 2006

Véspera de Feriado?

Hummm.... É véspera de feriado, foi um dia muito enfadonho, cinzento... Não tem ajudado os meus horários completamente desvairados, isto parece aqueles conselhos antigos, 'Cedo erguer e cedo deitar, dá saude e faz crescer...' ou será outra coisa do género? Nunca fui bom em ditados populares, quanto mais provérbios e afins. Tenho uma amiga que é muito dada a isso: imaginem falar com alguém, e nós uns perfeitos «nabos» na matéria, que nos responde através de adivinhas usando provérbios e ditados... Acreditem, é um Inferno autêntico! Mais ainda quando realmente estamos interessados em tentar desvendar o que a outra pessoa nos disse; para quem gosta de uma boa conversa, e tenta dizer algo de substantivo, sem metáforas ou analogias que atrapalhem o caminho, é exactamente o oposto ao tão apregoado «código postal», acabamos por ficar com cara de estúpido, ao mesmo tempo puxamos pela cabeça para tentar desvendar o enigma e finalmente ainda nos sentimos pior para não tentar mostrá-lo à outra pessoa... Devería existir um «código postal» nas conversas entre as pessoas... Nunca percebi bem os jogos que se fazem entre uns e outros... Porque não dizer exactamente o que se pensa? O que se quer? Claro que um pouco de respeito por nós próprios e pelo outro se impõe. Imaginem, chegar ao pé de alguém e dizer abertamente: «Olhe, acho-o extremamente irritante!» ou algo do género; isto traz a questão das «mentiras inocentes» uma espécie de clemência entre as pessoas. Quanto aos horários, acreditem, andar com os horários tão trocados, não faz bem... Claro que não estou a dizer a ninguém para se deitar e levantar com as galinhas, mas a não ser que sejam obrigados a isso por motivos profissionais, não o façam... Hoje foi um exemplo clássico de desperdício de tempo para mim: acordar tarde, não ter vontade de levantar, acabar por dormir mais e quando damos por isso já se foi o dia; se fosse uma vez única, enfim, mas quando se começa a transformar isto em rotina diária, quando aquela centelha nos dá vontade de mexer só aparece à noite, então é um sinal de que algo está errado. Parece que não, mas o nosso corpo precisa do dia... Acreditem, já trabalhei de noite e aquilo que sentia mais falta era do dia. Por uns tempos, ainda conseguimos levar por diante as coisas, até que é giro, acordar tarde, não ter que levar com aquele caos do trânsito de manhã, mas ao fim de um tempo o corpo ressente-se, mais ainda quando se tem uma personalidade que gosta de andar na rua, ao ar livre, como eu... Enfim, um dia para esquecer, não fosse este pequeno momento de «confissão» e sentia que o dia tinha ido para o galheto, e sejamos sinceros, quando se têm os dias contados à face deste pequenino mundo, então todos os segundos são preciosos. À que experimentar todos os pequenos prazeres deste mundo, mas meus amigos, não exagerem na dose, pois como se diz e bem, tudo que é em excesso é mau... Vou acabar com mais uma foto, hoje para ser saudosista, ao mesmo tempo para me fazer recordar a mim mesmo daquilo que perdi ao ficar um dia inteiro fechado em casa, finalmente para vos dar a conhecer a minha terra natal, amanhã será diferente...
Vila de Coruche, vista tirada a partir do castelo, actualmente uma Igreja

Dia 1...

Bem, que posso dizer para o primeiro dia? Acho que antes de tudo se pede um BEM-VINDOS! Obviamente que dirigido a todos que queiram comigo, e todos os demais, partilhar este pequeno cantinho de inconfidências... Para quem me conhece, isto será uma novidade, ler algo escrito por mim num local como este; desde há uns anos atrás que comecei a enveredar pelos caminhos da caneta, para meu prazer, pois apesar de actualmente ser quase visto como um «cliché» a escrita traz primeiro que tudo satisfação a nós próprios, depois aliado ao medo da crítica vem o desejo de partilhar com alguém aquela idéia que a nós tanto disse... Mas que tem isto a ver com escrever um blog? Bem, primeiro que tudo é o «meio» usado para o fazer. Nunca antes senti à vontade para escrever nestas maquinetas impessoais que são os computadores... Ahhhh, o prazer de deixar a caneta voar no papél, deixar a escrita fluir, nada como isso! Aqui tenho que estar sempre a ver onde ponho os dedos... Tira o prazer todo... Segundo, a idéia de que terei algo «interessante» a querer partilhar com outros, é definitivamente, um desafio. Acima de tudo é a idéia da já falada crítica, do receio em ver visto e revisto aquilo que a nós parece uma obra-prima, mas que nem sempre o pode ser... O objectivo, é claro: tentar escrever aqueles pequenos pensamentos que vêm à cabeça, aliando três coisas que adoro fazer: fotografar, desenhar e viajar. Que melhor? Tudo junto num pacote bem embrulhado, com lacinho a condizer... Espero que se sintam à vontade para colocar o que queiram: pensamentos, críticas, perguntas, debates, fotos, desenhos, poemas, textos que queiram partilhar, enfim, penso que já dá para ter uma idéia daquilo que pretendo criar... Acima de tudo, um local de livre conversa, debate, onde exista apoio, incentivo e partilha... Vou deixar este epílogo com um pequeno poema que escrevi, aliado à imagem que lhe deu origem...
Praia da Consolação, Peniche
«Grãos de vida soltam-se pelo ar... Espuma, branca como a almofada que deus nos deu para sonhar... Vento, lufada de ar, brisa de verão, esse respirar que amanhece como as ondas da canção... Cheiros, maresia doce de algodão, sorrisos de chocolate, quente como o verão... Sonhos, ondas de emoção, flutuando no oceano banhando com rebentos a ondulação... Assim é a praia nesse inverno abraçado ao quente do coração...»