domingo, dezembro 31, 2006

Final de Ano? Não, um momento para pensar...

Finda um ano. Tenho 31 anos, feitos à questão de 2 dias, e até hoje nunca senti necessidade de «rever» um ano, de olhar para trás e pensar em tudo que aconteceu ou deixou de acontecer na minha vida.

Até hoje, a minha vida fora um mero «descrever?» de coisas que acontecem naturalmente, sem questões, sem preocupações, e principalmente, sem significado, sem sofrimento ou dôr.

Tive no meu passado, alguns momentos negros, decisões dificeis, decisões erradas, actos que ficaram por fazer, actos de coragem abafados por falta de confiança, por falta de sofrimento, por falta de algo que me empurrasse na direcção certa.

Tomei no passado decisões correctas, e muitas erradas, de certo modo quase inconscientemente, pois na maioria das vezes, o resultado dessas decisões nunca era na realidade o que pretendia... Isso é algo que abafei durante muito tempo, as emoções, os sentimentos, a coragem de falar sem ter medo de o fazer, de admitir o que sinto, o que penso.

Foi uma viagem iniciada à uns anos atrás, uma viagem que como todas teve interrupções, paragens inconscientes, que me faziam por vezes voltar atrás alguns quilómetros na estrada, mas foi uma viagem que iniciei quase de modo inconsciente, foram decisões que simplesmente, aconteceram, que nunca me trouxeram nada mais senão sorrisos.

Dizem que sem sofrimento nunca teremos a real medida das coisas, e foi exactamente isso que me faltava, e tão importante como isso, ter consciência do que estava a acontecer, poder extrapolar e falar disso sem medo.

Este ano, foi o que me trouxe: consciência... O despertar e intensificar de desejos e anseios muito, mas mesmo muito fortes que tenho dentro de mim, quase sufocantes, que me deixam sem margem de manobra para absolutamente mais nada...

Muito aconteceu, foi um ano que, olhando para trás, parece que aconteceu em dias, e não meses, onde tudo está tão vivo, ou mais ainda, do que no dia em que aconteceu. Existem muitos tipos de acontecimentos, aqueles que perduram na memória como algo volátil, e aqueles que escrevem em nós, que passam a ser parte de nós mesmos, principalmente quando são parte dos nossos próprios medos, desejos e alma.

Tenho necessidade, de reafirmar tudo que desejo, tudo que quero que aconteça, não apenas a mim próprio mas também aos outros; tenho vontade de gritar, de chorar cada vez mais, para que uma estrela, cadente, passe, e quem sabe, alguém escute este grito surdo que tenho a devorar o meu interior.

Os meus sonhos, todos eles se tornaram realidade, todos eles aconteceram, e aos olhos de muitos, até mesmo aos meus, pareceram desvanecer-se em fumo, em mágoas e lágrimas derramadas e ainda por derramar. Os sonhos trouxeram os desejos, fizeram a criança ansiar como um homem, pela união daquilo que pretendia: um futuro, um abraço, um álbum que podesse não apenas espelhar o futuro, mas também fizesse recordar o passado, num sorriso, numa história contada por alguém a que eu tivesse abraçado.

Olhando agora para trás, esses desejos mantêm-se, foi-me oferecido algo muito maior daquilo que alguma vez imaginei que fosse acontecer; foi-me oferecido um vislumbre do que podemos ter, foram-me oferecidas memórias, recordações, mas principalmente, foi-me oferecido a maior de todas as prendas, esse significado daquilo que chamamos viver, tão puro, tão simples...

A mágoa, existe, a amargura do que se pensa não ir acontecer, existe, as palavras por dizer, existem, mas por detrás disso, existe algo ainda maior, algo que apareceu por detrás dessa Lua, e que cresceu, que continua a crescer maior que tudo...

É isso que tenho que recordar deste ano, é isso que tenho de abraçar deste ano, para que todas as lágrimas tenham um lugar neste álbum, passadas e por acontecer, pois, agora, sei qual o seu verdadeiro sabor...

Esperança.... É isso, que alimenta a caneta, é isso que vai dar forma às palavras, à coragem... A chuva não acabou, os momentos de desespero não acabaram, mas nunca irão acabar, fazem parte da história, são o poema que fazem a esperança nascer...

As histórias não têm fim... Têm sim, novos capítulos, esses sim, constroém aquilo a que um dia poderemos chamar de fim... Existe agora, a certeza de que algo irá acontecer, existe agora a noção dos próximos passos a dar, do início do próximo capítulo, depois, é simplesmente continuar a escrever, não de uma forma inconsciente, mas sim tendo sempre como tinta, a verdadeira cor dessas estrelas que brilham, bem cá dentro do coração, nesse imenso céu que é a nossa alma...

Bom Ano para todos!

sábado, dezembro 23, 2006

É Natal, é Natal, trá-lá-lá-lá-lá...

Pois é minha gente, é Natal... É incrível como o tempo passa tão depressa e nem damos por ele! Ainda ontem, parece que estavamos em pleno Verão, com tantas histórias por acontecer, tantas promessas de aventuras no ar...

Mas é assim mesmo que tudo se passa, se formos a ver, chegamos a uma altura da vida em que olhamos para nós mesmos e de repente dizemos que temos x anos. A juventude está realmente dentro de nós, e não no nosso corpo, pois, se virmos bem, a pessoa que estava cá dentro é exactamente a mesma, a consciência é a mesma.

Para quem tem filhos ou sobrinhos, como é o meu caso (sobrinhos, claro) esta é uma quadra para eles. Para nós serve como reencontro da família, de reencontro a algumas das memórias de infância, mas para eles, é agora que tudo acontece...

Sejamos, um pouco mais sorridentes, não tão intransigentes, e que nos divirtamos um pouco, pois, Natal, não são supermercados, nem apenas um dia, como alguém disse, mas sim, sempre que o queiramos.

É um cliché, mas daqueles, pensando bem, que é verdadeiro...

Feliz Natal para todos!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

«Reaprender» a Caminhar

Querer voltar... Querer «recaminhar», como o fazer? Querer de novo, ou simplesmente desejar abafar algo?

Querer realmente ou simplesmente mascarar «algo», quando o que se deseja é «algo» completamente diferente?...

Como definimos o desejo de alguém, como o quantificamos, como admitimos na realidade, no dia-a-dia os nossos verdadeiros anseios, os nossos verdadeiros desejos, a nossa pura vontade em querer «algo»? Como admitimos quem de verdade somos, o que de verdade queremos?

Ao escrever, sinto a mais forte forte vontade em querer uma coisa, talvez deixar soltar as palavras de maneira a conseguir exprimir o que vai passando cá por dentro, com força, uma força ainda maior que aquela que une todas as fibras de meu corpo, saltando nesse rio imenso que corre pelo mundo em busca de uma foz, lançando-se na inquietude de amar uma coisa, de amar com desejo, de ir para onde o seu ser o faz querer ir...

Olhando ao meu redor, é uma «lei» que se vê em todas as pequenas coisas... Não existem máscaras, não existem disfarçes para o que se quer, para onde a vontade navega todos os segundos do dia... Porque é que nós conseguimos, não, o fazer? Porque é que complicamos tudo, como um condão, uma espécie de maldição lançada a nós, homens, por um Deus que nos faz todos os dias querer provar nosso coração...

Será esse o derradeiro teste, que nós homens, temos que superar? Será essa a barreira final para conseguir chegar mais além, para conseguirmos ir onde nascemos, onde nossos corações simplesmente são? Será esse o verdadeiro significado da vida, o verdadeiro mistério que está à volta de todas as coisas, de todos os seres?

Olhando de novo à minha volta, tudo é simples, tudo se rege pela necessidade de estar, de ser, sem complicações, sem questões nem perguntas constantes... Apenas como esse rio, fluindo naturalmente... Então, porque é que não o fazemos também? Não somos nós também uma parte deste mundo, das leis que nele existem? Porque não as obedecemos também e teimamos, ao questioná-las, afastarmos-nos da realidade?... Porque é que dificultamos uma tarefa tão simples como essa, que é tão puramente admitir o que queremos, a vontade que possuimos no nosso interior para fazer algo, para ir ao além, para conseguir crescer como a voz que está cá dentro, gritando esse grito, por vezes, surdo, onde abafamos os nossos corações...

É tudo tão simples, porque é que não o somos também? Ousar de deixar usar esta palavra que se transformou não somente numa ferramenta mas como uma arma contra nós próprios, que é a palavra porquê... Não pensem, alguns que estou a criticar abertamente a ciência, pois não é nada disso que pretendo... Faça-se uso da palavra e avance-se, mas não contra nós próprios, num sentido verdadeiramente metafísico da questão. O porquê trouxe-nos a capacidade de conseguir estar hoje a discutir exactamente este assunto, trouxe bem-estar e conforto às nossas vidas e ensinou-nos a manejar muito da física deste mundo, mas isso não é tudo, esse todo é uma união de duas faces, que, ao contrário do que muitos pensam, não são faces que se dissociem uma da outra; assim sendo, continuemos a usar o porquê, mas aprendendo melhor o seu uso, sem perder sentido de todas as questões que lhe estão inerentes. Vamos lançar todos esses artíficios e máscaras que elegantemente fazemos ondular ao caminhar todos os dias, vamos ganhar a coragem de admitir quem somos, de deixar nossa voz soltar quem é, e assim, talvez passemos o teste, talvez consigamos finalmente olhar para aquilo que queremos olhar, ir onde queremos alcançar, seja uma verdade, seja simplesmente um olhar, pois esse, também ele é uma das letras da palavra verdade...

Fique este pequeno olhar no ar...





Majestosas no Ar, Belas em Terra...





Sonho,

com galáxias... Mil mundos feitos do verde e do dourado que

enchem o sol a brilhar...



Sonho,

com aventuras, gargalhadas soltas ao ar, por um sorriso maior

que o luar...



Sonho,

em poder sonhar, numa cama feita da maior pureza que um anjo

consegue imaginar...



Sonho,

contigo... Em te abraçar, te carregar pelas marés de uma deusa

a chorar...



Sonho,

com o faról que me guia sempre que canto uma canção perdida

na voz do mundo a acordar...



Sonho,

com a terra viva que carregas dentro do teu olhar, o renascer da

vida no teu tocar, o poema dos sentidos em teu falar...



Sonho,

em partir... Correr ao teu lado, para que finalmente meu sono

possa descansar...