quarta-feira, dezembro 20, 2006

«Reaprender» a Caminhar

Querer voltar... Querer «recaminhar», como o fazer? Querer de novo, ou simplesmente desejar abafar algo?

Querer realmente ou simplesmente mascarar «algo», quando o que se deseja é «algo» completamente diferente?...

Como definimos o desejo de alguém, como o quantificamos, como admitimos na realidade, no dia-a-dia os nossos verdadeiros anseios, os nossos verdadeiros desejos, a nossa pura vontade em querer «algo»? Como admitimos quem de verdade somos, o que de verdade queremos?

Ao escrever, sinto a mais forte forte vontade em querer uma coisa, talvez deixar soltar as palavras de maneira a conseguir exprimir o que vai passando cá por dentro, com força, uma força ainda maior que aquela que une todas as fibras de meu corpo, saltando nesse rio imenso que corre pelo mundo em busca de uma foz, lançando-se na inquietude de amar uma coisa, de amar com desejo, de ir para onde o seu ser o faz querer ir...

Olhando ao meu redor, é uma «lei» que se vê em todas as pequenas coisas... Não existem máscaras, não existem disfarçes para o que se quer, para onde a vontade navega todos os segundos do dia... Porque é que nós conseguimos, não, o fazer? Porque é que complicamos tudo, como um condão, uma espécie de maldição lançada a nós, homens, por um Deus que nos faz todos os dias querer provar nosso coração...

Será esse o derradeiro teste, que nós homens, temos que superar? Será essa a barreira final para conseguir chegar mais além, para conseguirmos ir onde nascemos, onde nossos corações simplesmente são? Será esse o verdadeiro significado da vida, o verdadeiro mistério que está à volta de todas as coisas, de todos os seres?

Olhando de novo à minha volta, tudo é simples, tudo se rege pela necessidade de estar, de ser, sem complicações, sem questões nem perguntas constantes... Apenas como esse rio, fluindo naturalmente... Então, porque é que não o fazemos também? Não somos nós também uma parte deste mundo, das leis que nele existem? Porque não as obedecemos também e teimamos, ao questioná-las, afastarmos-nos da realidade?... Porque é que dificultamos uma tarefa tão simples como essa, que é tão puramente admitir o que queremos, a vontade que possuimos no nosso interior para fazer algo, para ir ao além, para conseguir crescer como a voz que está cá dentro, gritando esse grito, por vezes, surdo, onde abafamos os nossos corações...

É tudo tão simples, porque é que não o somos também? Ousar de deixar usar esta palavra que se transformou não somente numa ferramenta mas como uma arma contra nós próprios, que é a palavra porquê... Não pensem, alguns que estou a criticar abertamente a ciência, pois não é nada disso que pretendo... Faça-se uso da palavra e avance-se, mas não contra nós próprios, num sentido verdadeiramente metafísico da questão. O porquê trouxe-nos a capacidade de conseguir estar hoje a discutir exactamente este assunto, trouxe bem-estar e conforto às nossas vidas e ensinou-nos a manejar muito da física deste mundo, mas isso não é tudo, esse todo é uma união de duas faces, que, ao contrário do que muitos pensam, não são faces que se dissociem uma da outra; assim sendo, continuemos a usar o porquê, mas aprendendo melhor o seu uso, sem perder sentido de todas as questões que lhe estão inerentes. Vamos lançar todos esses artíficios e máscaras que elegantemente fazemos ondular ao caminhar todos os dias, vamos ganhar a coragem de admitir quem somos, de deixar nossa voz soltar quem é, e assim, talvez passemos o teste, talvez consigamos finalmente olhar para aquilo que queremos olhar, ir onde queremos alcançar, seja uma verdade, seja simplesmente um olhar, pois esse, também ele é uma das letras da palavra verdade...

Fique este pequeno olhar no ar...





Majestosas no Ar, Belas em Terra...





Sonho,

com galáxias... Mil mundos feitos do verde e do dourado que

enchem o sol a brilhar...



Sonho,

com aventuras, gargalhadas soltas ao ar, por um sorriso maior

que o luar...



Sonho,

em poder sonhar, numa cama feita da maior pureza que um anjo

consegue imaginar...



Sonho,

contigo... Em te abraçar, te carregar pelas marés de uma deusa

a chorar...



Sonho,

com o faról que me guia sempre que canto uma canção perdida

na voz do mundo a acordar...



Sonho,

com a terra viva que carregas dentro do teu olhar, o renascer da

vida no teu tocar, o poema dos sentidos em teu falar...



Sonho,

em partir... Correr ao teu lado, para que finalmente meu sono

possa descansar...



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