Um olhar...
"Um encontro é sempre um início de universo
e sentir na imperfeição a perfeita coluna de cristal
do puro entendimento entre o pudor e a vibração de um segredo
queremos sempre ser mais para sermos o que não somos e o que
e por isso a palavra adianta-se na sua trémula e cintilante audácia
que se eleva no cimo do encontro em transparências novas
É sempre o outro o polo da identidade viva
e a mais segura afirmação do ser
A palavra arde porque ama porque é uma flecha verde
que se incendeia antes de tocar o alvo
e quando o atinge recebe outra amorosa flecha
que ilumina o peito amante do que fala
Que mistério puro de ardentes evidências
que lavam o rosto que perfumam os lábios
e que ondulam em voluptuosa confiança
abrindo o espaço do mundo e transformando-o em jardim!
É assim que o pão e o vinho são partilhados à mesa branca
do afectuoso diálogo sob a cúpula transparente
de uma aragem amena em que o Uno cintila
Este fermento vermelho ou azul de uma clara amizade
é um astro de centelhas cálidas num firmamento branco
Só por ele nós somos o outro de nós mesmos
e em cada rosto cintila a identidade aberta
de quem pertence a si porque pertence ao mundo"
8 de Fevereiro de 1993
in O Alvor do Mundo, edições quasi
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