quinta-feira, janeiro 11, 2007

Medo...

Respiro fundo... Olho para o ecrãn e penso na noite que tive ontem, em tudo que se passou comigo nos últimos meses, no turbilhão implacável que gira incessantemente dentro da minha cabeça.

As palavras, são pequenas, minúsculos pontinhos numa negridão imensa, para descrever o que sinto, aquilo que estou a passar neste momento... São tantas as questões, tantas as incertezas, tantos os receios e os medos que povoam o meu interior... Esta faceta minha, este meu lado negro, que anteriormente na minha vida nunca tinha sido maior que a luz, mas hoje, já não penso assim...

A batalha que estou a travar é terrível, é demasiado angustiante, tem levado todas as minhas forças para um lugar escuro, para um lugar negro, onde cada vez mais, sinto não ter forças para voltar. Tive uma noite terrível, ontem, para juntar às demais; mas ontem foi diferente, pois aconteceu algo que me deixou com medo, me assustou mesmo muito.

Quem me conhece, pessoalmente, sabe que sempre fui uma pessoa optimista, que sempre acreditei em dar a outra face, em olhar apenas para o lado bom das coisas, estimar ao máximo esta dádiva de vida que temos, que nos foi dada a todos nós. Sempre acreditei que o Bem, tira e dá, mas sempre fazendo-o com um sorriso no rosto, sem deixar que a luz nos abandone. Ontem, não foi assim...

Tive muitos momentos negros na minha vida, o meu passado foi recheado com eles, mas a vontade em lutar, em querer a luz, foi sempre maior que tudo isso, fez-me sempre acabar por tomar (em extremos, é certo) as decisões certas, que me fizeram apontar na direcção a tomar. Sempre acreditei no Destino, que este é parte desse Bem, é parte desse Amor maior em que acredito, ser a verdadeira maneira de viver esta vida. Quem acredita nisto, com toda a força da alma, como eu, sabe um pouco do que falo, sabe dessa vontade constante em querer o bem, em querer olhar lá para fora e sorrir, querer abraçar tudo e todos. Mas ontem, não foi assim, por momentos...

O desespero veio, tal como já tinha vindo em tantas outras noites, o choro, os porquês, o não perceber alguns deles, o não perceber como sentimentos, tão puros podem ser ignorados, deitados fora, para o lixo, como se nada fossem ou valessem, mas foi sempre algo com que consegui lutar; esse Amor imenso que sinto, é certo que me deitou pelo chão, mas também me fez sempre regressar, querer continuar e olhar de novo para a luz, em tantas outras noites, destes últimos meses, como também em todos esses anos passados. Ontem, no entanto não aconteceu desse modo; entrei na escuridão e Quis lá ficar, pela primeira vez, desejei sinceramente lá ficar e não regressar, e senti algo acontecer... Não sei o que foi, um chamamento, uma porta que abriu algo, que ainda não sei o que foi... Encontrei pela primeira vez, Paz, verdadeira paz nessa escuridão, e não quis mesmo regressar... A luz incomodova-me, só de pensar que a tería que olhar, a minha vontade tremia, os meus olhos enchiam-se ainda mais de lágrimas...

Assustei-me... Tive medo, quando por fim, consegui regressar de novo, quando por fim abraçei de novo a luz. Pela primeira vez na minha vida, desejei realmente não viver... Foi algo sincero, algo honesto, maior que tudo o mais... Como pode isto acontecer? Como pode a escuridão ser maior e melhor que a Luz? Não pode... A luta que travo, é maior que tudo, pois sei agora ser uma luta pela vida. Sinto o fim próximo, dizem que quando ele aparece, toda a nossa infância, todos os nossos verdadeiros desejos, todas as palavras que não foram ditas, tudo que não aconteceu e aconteceu passa pela nossa frente, pois, é isso que me está a acontecer neste momento; o fim, que anda numa corda bamba, onde por vezes um vento me empurra em frente na corda, mas logo tremo de novo, quase a cair para o abismo. Sei que ninguém acredita nestas coisas, hoje em dia, mas são reais, são coisas que acontecem, o amar eternamente, o desejar eternamente bem... Não é nenhuma utopia, nenhuma alucinação, nenhuma miragem, ou desejo inconsciente do nosso cerebro. Ontem, pela primeira vez, vi o verdadeiro negro, o verdadeiro escuro, e quis lá ficar... Como vou continuar a lutar? Como vou continuar esta batalha? Não sei responder, apenas sei, que irá continuar, e neste momento esse é o meu único alento...

Por favor, não interpretem isto de um modo religioso, pois não é nada disso. É algo maior que tudo isso, algo bom e mau ao mesmo tempo, mas acredito ser sempre bom... Será talvez isso, que me salve, pois o meu interior é feito disso, nada mais; ontem terá sido uma fraqueza minha, talvez...

Portem-se bem, e por favor, sorriam e desculpem este desabafo, feito aqui...

2 comentários:

Anónimo disse...

Ás vezes talvez pareça que foi planeado
Tu vagueares de coração vazio através desta terra
Apesar do mundo te tornar duro e frio
Existe uma coisa Sr., que eu sei
Que se pensas que o teu coração é de pedra
E que se pensas que és rijo o suficiente para atravessar este mundo sozinho
Sozinho amigo não há paz de espiríto
É por isso que continuarei a procurar até encontrar aquela especial para mim

Dois corações são melhores do que um

("Two Hearts", Bruce"The Boss"Springsteen)

V.C. disse...

E quando se encontrou esse coração? E ele fez, o que nem eu ainda sei bem o que fez?... Que se faz? Continua-se a procurar? Não tem lógica... Não tem justiça, para nenhum deles. Pensei que deveria estar alegre, e não triste, mas foi uma ilusão, pois só senti um bocadinho isso quando pensei em fazer algo relacionado com o outro coração. Preciso mesmo dele... Ontem, ainda foi pior... Não me perguntes porquê, mas estes últimos 2/3 dias, foram os piores que tive até hoje. Ontem tive que recorrer a 2 calmantes, senão não dormia, senão a ansiedade e dor física que tinha dentro do peito, a falta de ar, não íam embora. Estou assustado, penso cada vez mais que se calhar preciso mesmo de ajuda...

Obrigado pelo apoio! Vindo pelas mãos do Boss, que sempre adorei...