quarta-feira, novembro 22, 2006

Quando o Peito Dói...

Será Real ou Fantasia?...







"Que o Sol me ilumine tão-só o coração,

O vento me dissipe os cuidados e pranto,

Nesta Terra não conheço maior encanto

Que estar a caminho, na vastidão.



Depois da planura tomo alento

O Sol poderá queimar, o mar irá refrescar,

Para da vida desta Terra compartilhar

Mantenho o espírito sempre atento.



E assim, terei em cada dia renovado

Outros aliados, novas afeições,

Até que, sem pena, de todos os corações

E estrelas, possa ser amigo e convidado."



Canção de Viagem, Hermann Hesse, in Da Felicidade







Como podemos definir a intensidade de uma dor? Como lhe dar um nome, uma forma, um sentido que ao qual possamos perceber, de modo a conseguir lidar com ele? Como definir «algo» que não é definivel?

Tantas foram as vezes que aqui falei daquilo maior que existe não apenas à nossa volta, mas também dentro de nós... Tantas foram as vezes que tentei dar uma pequenina visão daquele olhar intenso que a nossa alma consegue lançar ao mundo, a Todos os Seres (onde nós somos uma pequenina peça do puzle) a tudo que nos rodeia, que nos faz voar pela imensidão desse horizonte intenso que todos os dias se esprai pelo universo, pelos sentidos eternos desse infinito...

Tantas foram as vezes que tentei fazer-vos recordar aqueles momentos que nos fazem «acordar» dessa nostalgia, desse sono profundo que nos ataca todos os dias nesta sociedade, perdida na confusão dos sentidos perdidos pelo ar, sem saberem para onde vão, de onde vieram...

Pois é... Tudo tem duas faces, não é? A Natureza é tão simples, tem uma lógica tão profunda e fácil de se entender... Não existe nada que não tenha duas faces... Assim é também o Amor... Custa entrar pelos caminhos mais «escuros» deste, mas é uma estrada necessária que precisamos de percorrer, na nossa imensa caminhada que temos pela frente...

O Amor é um raio de luz profundo, uma faca que rasga pelas entranhas do nosso ser, um pincél que vai colorindo a dor intensa que essa faca nos faz ter... Assim é o Amor... Duas faces, dois sentidos, que por mais estranho que possa parecer são exactamente a mesma moeda, o mesmo mundo onde mergulhamos por prazer, por necessidade, por querer alcançar o âmago daquilo que somos cá dentro, onde, com coragem nos deixamos naufragar...

O Amor assim, é.... Dor intensa que percorre este peito cheio da mais pura vontade em voar, da mais bela explosão de alegria que de tanta intensidade, nasce como chuva escorrendo suavemente pelas nossas faces...

O Amor assim é... Faz sorrir, faz chorar, mas faz-nos aprender, recordar o calor intenso com que todos nós nos deixamos nascer ao olhar para as pequenas Enormes alegrias ao virar da esquina...

Temos de saber amar a dor para querer saborear a alegria... É um facto inerente ao Amor, é algo tão simples como esse mar, belo ondulando na noite, soltando os perfumes da maresia ao vogar de uma Lua caprichosa, fazendo-nos sonhar...

Assim nascem os sonhos, assim amamos a vida, assim sabemos como recordar a imensidão, a vastidão, pois sofrendo, queremos amar, queremos sorrir...

Como definir isso? Não se pode... Apenas, abrir as portas ao olhar, à alma querendo voar, para que a moeda possa nascer, para que os sonhos possam vencer, crescendo, como esse mundo todos os dias o faz sem parar...

Amem, no verdadeiro sentido da palavra, e quando pensarem que o fim está perto, verão que é exactamente esse amor, ao abraçá-lo, ao olhar verdadeiramente para ele, que vos vai fazer voar ainda mais no horizonte.... Nunca se esqueçam disso...

Deixem as batidas dos vossos corações ser o ritmo da música ao acordarem, esse momento em que o dia nasce ao se deitar...

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